Terceiro e último C.O. com
participação estudantil. Será?
No dia 12 de Dezembro,
a categoria estudantil participou pela terceira vez do Conselho Universitário do
ano de 2013, lembrando que há anos não participávamos do espaço mais burlesco
que este Movimento Estudantil já viu: o exemplar supremo de Colegiado Superior.
Neste conselho foi
dada a continuação do projeto de universidade que tem os donos de poder para
com ela: mercadorizaçao, precarização, desvalorização em prol da
internacionalização!
Mediante a indignação
dos representantes discentes a este projeto de universidade, foi realizado um
convite aos mesmos: “Se os alunos se dizem tão insatisfeitos com a UNESP, acho
que eles deveriam ter a possibilidade de migrar para outra universidade.”, e
após tais dizeres, fomos gentilmente convidados a não participar mais deste
órgão.
Está inaugurada a
temporada do “os incomodados que se mudem” ou no clima mais próximo a esta
instituição: “UNESP: AME-A OU DEIXE-A”!
Preliminares ao picadeiro
De
início, recebemos um material precioso,organizado pelo professor José Bono (FCL
de Araraquara, nossos agradecimentos!) chamado A contribuição da UNESP para o dinamismo econômico dos municípios,
que logo disponibilizaremos online. O interessante deste material é a inversão
da lógica: como sempre, a UNESP tentando fazer belo o que há de podre! A ideia
central é um estudo econômico da contribuição da UNESP no orçamento dos
municípios, tendo em vista os seguintes temas (com nossos devidos comentários):
“Comparação entre o total de recursos movimentados pelaUNESP e o valor
adicionado das vinte maiores empresas dos municípios” (p.26; UNESP se
comparando e reafirmando-se enquanto empresa); “Distribuição dos gastos dos
alunos” (p.28); “Comparação entre os gastos dos alunos da UNESP e algumas
categorias da receita municipal” (p.29; os “alunos” são apenas estatísticas de
orçamento); “Impacto dos gastos dos alunos no mercado imobiliário” (p.31;
porque ter moradia estudantil se podemos alimentar o mercado e os municípios,
não?); etc. Por fim, endossamos aqui a importância deste material que é
institucional e que reitera o papel social da universidade nesta lógica
capitalista, que, ao invés de ter um posicionamento crítico à exclusão dos
favorecidos, enaltece o poder econômico da classe dominante e coloca-a como
central nas finalidades da instituição que era pra ser de ensino, mas se mostra
como instituição mercadológica. Bem-vindos
à UNESP Ltda. (frise Ltda.)!
Antes
mesmo do início da Pauta, fomos agraciados com
apresentação musical do Trio de Violões do Instituo de Artes (SP) e com presença
do REItor da Faculdade Zumbi dos Palmares, professor José Vicente. Após
exibição de vídeo institucional da faculdade com direito à exaltação do estado
de São Paulo (até Geraldo Alckmin nele estava), DitaDuri e o REItor (o negro
mais branco do Brasil) trocaram gabações, politicagens e quinquilharias.
Comunicações da Presidência
I.
REItor:
Durigan
- Anunciou com alegria que a
RAINHA do palácio, a vice-REItora Rudge, ocupará junto à pró-REItora de
pesquisa, professora Maria José, a representação no Conselho Superior da
FAPESP.
- Em segundo lugar,
expressou sua tristeza pelo incêndio ocorrido no Memorial da América Latina, ao
mesmo tempo em que agradeceu o Trio de Violões do IA.
- Durigan exaltou a criação de laboratórios da UNESP através do Parque
Tecnológico de Sorocaba com o objetivo de “se fazer inovação”. Para completar, o REItor enalteceu a possibilidade que este parque garante na interação com as
empresas, desejo que é tanto dele quanto da UNESP, segundo suas palavras.
- Finalmente, introduziu uma
pauta surpresa: disse que, ao final daquele Conselho Universitário, seria
votado pelo órgão a isonomia para
titulares, que trataremos mais adiante.
II.
Vice-REItora:
Marilza
- Sua fala foi permeada pelo
sentimento de exaltação dos lugares ocupados pela UNESP em rankings de internacionalização e em seus avanços
nos programas de pós-graduação. Segundo a professora, o
último dado que temos é que a UNESP encontra-se em 23º lugar no Ranking Universitário FOLHA. Dentre os critérios de tal
avaliação, tem-se: O número de citações internacionais por docente; O
percentual de artigos com colaboradores internacionais; E o número de docentes
internacionais contratados pela UNESP mais o número de discentes internacionais
que vêm estudar na linda UNESP; aqui, ela afirmou que parte do motivo do baixo
lugar no Ranking é o fato de termos poucos professores estrangeiros;porém, neste
ponto, um docente rompe a fala e destaca que contratar docentes de fora não
implica em maior qualidade de ensino. Como resposta, a professora Marilza
permaneceu calada.
- Por fim, com pesar,
destacou que o grau de “internacionalização” (cálculo a seguir) atinge apenas a
marca de 3%, sendo que até a Unifesp,
11º lugar do ranking, ultrapassou a UNESP, de acordo com suas palavras.
Grau de
internacionalização = Nº de docentes internacionais
Nº
total de docentes
Comunicações dos Conselheiros
III.
Servidores
docentes
Desta
vez, parte da insatisfação dos conselheiros não derivou apenas do lado esquerdo
da sala do C.U., local onde encontram-se os estudantes, SintUNESP e AdUNESP (e
alguns parcos simpatizantes da luta). Vimos diretores lendo moções tiradas em
congregações contrárias às atitudes do REItor: uma contra as sindicâncias a
estudantes (FCL – Assis) e outra questionando o reajuste salarial docente que
não foi dado (FAAC – Bauru). Ao final da sessão, Durigan fez questão de
“costurar” ponto a ponto das críticas feitas à sua gestão. A seguir, dá-se
início a sessão pérolas de fim de ano de uma DitaDurigan que parece não ter
fim:
Sobre o
reajuste docente posso dizer que EU sou o mais frustrado com tudo isso. Ninguém
me apoiou além deste Conselho Universitário: nem AdUNESP, nem Cruesp. Por isso,
recuei mesmo.
IV.
Discentes
Já
na ala esquerda do órgão, os estudantes manifestaram-se criticamente contrários
à forma autoritária que a Comissão
Permanente de Permanência Estudantil (CPPE) vem sendo manobrada pela
Coordenadoria Executiva de Permanência Estudantil (COPE) e pela REItoria
através de uma carta lida durante a reunião. Em sua fala,
o professor Mário Sérgio, coordenador executivo da comissão, pronunciou-se em
defesa do trabalho conjunto da COPE e da CPPE, revidando nossas críticas. AQUI encontram-se todos os documentos produzidos até o dado momento pela COPE e pela
CPPE.
Logo
em seguida, novamente, destacaram a questão das sindicâncias (ou das perseguições
políticas, denomine como quiser). Os estudantes presentes ressaltaram a
arbitrariedade e a falta de tato político da DitaDurigan; e, como sempre, uma
bela resposta nos foi dada (palavras do REI Durigan):
Vocês precisam
entender que nenhum diretor e nenhum reitor gostam de sindicar seus alunos.
Mas, falando como professor, vocês têm que medir seus atos porque nossas
funções nos obrigam tomar esse tipo de medida pelo bem da universidade. As
sindicâncias vêm.
Além
disso, os estudantes expressaram o real debate sobre a causa negra como
reprovação às artificialidades proferidas pelo REItor da Faculdade Zumbi dos
Palmares. Lembraram inclusive do ilustre patrono da UNESP, Júlio de Mesquita
Filho, dono dos seguintes dizeres que não deixam a UNESP negar suas origens
racistas e elitistas:
“Nós temos que
cuidar muito do organismo político brasileiro, e não podemos dar direito de
voto a determinadas regiões, porque o organismo brasileiro é meio teratológico,
cresceu de um lado e não se desenvolveu de outro [...] Ocorreu na sociedade
brasileira um problema seríssimo, foi incorporada à cidadania a massa impura e
formidável de 2 milhões de negros, que fizeram baixar o nível da nacionalidade,
na mesma proporção da mescla operada”.
V.
Servidores
técnico-administrativos
Enquanto
isso, os servidores técnico-administrativos do SintUNESP (cujo boletim já se
encontra disponível) pronunciaram-se questionando
a proporcionalidade das categorias dentro do Conselho Universitário, uma vez
que, com o aumento da categoria docente, os servidores-técnico-administrativos
e os estudantes teriam direito a 12
membros, lembrando que não se trata de um espaço paritário e que os
estudantes não possuem direito a voto. Além disso, pronunciaram-se rememorando as
lutas de 2013 e atentando para os problemas e desafios de 2014, ressaltando a
responsabilidade daquela instância de deliberação que vem sendo tratada de modo
frívolo. Por fim, os funcionários atentaram para a falta de reconhecimento do
trabalho da categoria e da precarização de suas condições, tendo em vista que o
sub-quadro não é suficiente para a demanda de trabalho. E, mais uma vez,
Durigan nos presenteia com uma de suas ilustres pérolas de fim de ano:
Eu não entendo
porque vocês falam que trabalham tanto. A pessoa que mais trabalha nesta
universidade é o REITOR e eu digo a vocês: não estou morrendo de trabalhar.
Portanto, ninguém está morrendo de trabalhar aqui.
Ordem do dia
a) Proposta (imposta) Orçamentária 2014
– Distribuição para unidades e PDI
Este
ponto da pauta encontra-se na sessão de Discussões Iniciadas e, de acordo com
deliberação do CADE (Conselho de Administração e Desenvolvimento), não havia o
que ser alterado pois já havia sido referendado pelo colegiado superior. Mesmo
assim, nos colocamosquanto à distribuição desigual para unidades consolidadas e
para experimentais. Enquanto as unidades consolidadas tiveram aumento
percentual entre 6,21% (IA/São Paulo) e 7,44% (FFC/Marília), TODAS as
experimentais tiveram apenas 5,21% de aumento de custeio. Questionamos se a
intenção do colegiado era que tal projeto, tão aclamado desde sua implementação,
falisse de vez; de prontidão, inúmeros burocratas colocaram-se na defensiva
dizendo que os estudantes “são
despreparados para o Conselho Universitário” e que “não compreendem o valor do colegiado”.
Adentrando
na discussão da distribuição de verbas para o Plano de Desenvolvimento Institucional
(PDI), destacamos
e criticamos as atuais prioridades para esta REItoria. De acordo com a
distribuição orçamentária imposta,
como se vê tabela anexa no link da proposta, tem-se a seguinte ordem
decrescente dos programas que possuem os maiores investimentos, em termos
percentuais, do PDI: 1º Internacionalização da UNESP (17,8%); 2º Apoio e
desenvolvimento da rede de bibliotecas (14,6%); 3º Tecnologia da informação
(13,4%); 4º Implementação das atividades de extensão (9,75%); 5º Incentivo e
consolidação da pesquisa (7,31%). Lembrando que a verba destinada ao PDI para
2014 será de 41 milhões, mais de 17% deste montante será destinado ao tema que
a vice-REItora elucidou em sua fala inicial: a fetichizada INTERNACIONALIZAÇÃO.
Destacamos que recobrir a UNESP de máscaras “para inglês ver” não resolverá
seus problemas estruturais e que, antes de mostrar a casa aos outros, é
necessário arrumá-la. Eis aqui, então, o auge da demonstração ditatorial e de
intolerância com a resistência universitária, proferida por uma docente de
Araçatuba:
Se os alunos
se dizem tão insatisfeitos com a UNESP, acho que eles deveriam ter a
possibilidade de migrar para outra universidade.
Mais uma prova cabal de que a ditatura ainda está
arraigada nas entranhas deste país e destes “pensadores” e “intelectuais”
fascistas, retrógrados e conservadores. E como se dizia em 1964, durante a
ditadura Médici, agora parafraseamos:
“Quem não vive
para servir a UNESP, não serve para viver na UNESP!”
“UNESP Ltda.: Ame-a ou deixe-a!”
“UNESP Ltda.: Ame-a ou deixe-a!”
Após tais palavras de
elevada sapiência de nossa iluminada docente unespiana, todas as considerações
realizadas foram desconsideradas e o ponto de pauta foi aprovado.
b)
Proposta de subquadro: o esquartejamento de seções e setores
Os servidores
técnico-administrativos fizeram inúmeros apontamentos sobre esquartejamento que está ocorrendo nas
seções e nos setores. Os problemas desta decisão que “veio de cima” é que não
há contingente suficiente para preencher esses subquadros, o que acaba
sobrecarregando os funcionários existentes. Além disso, pode acontecer, por
exemplo, de alguns setores ficarem sem funcionários suficientes, mas com
supervisores (cargos de confiança) excedentes, que é o que acontece nas
experimentais. Há casos em que um setor possui dois “chefes” e nenhum
“subordinado”.
Após tais considerações, os
servidores e os estudantes pontuaram que a falta de funcionários abre
precedentes para a implementação da terceirização,
a qual mostram-se totalmente contrários por conta da precarização e da
desumanização do trabalho humano. Eis que o professor Cláudio Gomide (mais uma
obra rara de Araraquara), membro docente do CADE, pede a fala para esclarecer
as dificuldades orçamentárias para 2014. Ele destaca que tais cortes foram necessários
para o bom funcionamento da universidade e reitera que ele não gosta da palavra
terceirização, mas que prefere chamar
tal serviço de “contratos emergenciais”.
Um tanto quanto jocoso se não fosse trágico.
Como proposta, os servidores
técnico-administrativos, apoiados por alguns professores, pontuaram as falhas
de tal proposta e sugeriram a supressão do ponto para maior debate nos
conselhos assessores ao C.O. Durigan negaarbitrariamente a proposta dos
funcionários, e aprova a pauta com apenas um adendo: que a seção de jardins de
Botucatu sofresse modificações, seguindo pedidos da unidade. Tudo muito
democrático.
c)
Proposta de alteração em resolução que trata sobre o Plano de Carreira Docenteda UNESP
Assim como ocorreu no último
C.O., este foi o único ponto da pauta que gerou uma discussão entre os
professores presentes. Os pontos questionados desta resolução abarcam a
progressão do professor assistente doutor, a avaliação e o financiamento de
projetos (deve ser externo à UNESP, todavia sem necessidade de ser de um órgão
oficial de fomento). A discussão trata-se da retirada de um item da resolução
que pontua que a captação de recursos externos deva ser compulsória a docentes da UNESP. Professores das Ciências Humanas
mostraram-se bastante insatisfeitos com o trabalho promovido, uma vez que as
possibilidades são díspares neste quesito, além do que pontuaram que 20% do
recurso do CNPq é destinado à área de Humanas, destacando seu papel na
universidade. Como deliberação, o C.O. aprovou que fosse o item compulsório seja substituído por
outra(s) exigência(s) que ficará a cargo da Comissão Permanente de Ensino (CEPE)
discutir.
d)
Aprovação dos Projetos Políticos Pedagógicos dos novos cursos da UNESP (Engenhariade Biossistemas, Tupã; Engenharia de Produção, Itapeva; Engenharia de Energia,Rosana)
Os estudantes fizeram estes
destaques na pauta para que houvesse uma discussão quanto à criação dos novos
cursos de engenharias. Questionamos qual foi a última vez que a UNESP criou um
curso da área das Humanidades, na graduação, posterior a implementação das
experimentais. Após muita esquiva e respostas infundadas, um professor disse
que havia sido um novo programa de Pós-graduação no Instituto de Artes, sem
responder nossa pergunta. E, mais uma vez, nossxs queridxs professores nos
responderam com muito desdém e menosprezo.
(Des)Ordem do dia: Pautas fantasmas
Como
anunciado pelo REItor Durigan ao longo do C.O., dois pontos seriam discutidos
ao término de toda a “discussão” do dia.
A
primeira tratava-se de uma consulta
ao colegiado acerca da isonomia para
titulares. Lembrando que este ponto pairava apenas em suas ideias e em seus
planos de ditador, ou seja, não se encontrava na ordem do dia. Sem nenhuma
discussão, Durigan colocou a proposta em votação, ao que, surpreendentemente
(ou não), teve a maioria dos votos. Após pronunciamento dos servidores técnico-administrativos
e de alguns docentes, que pontuavam que não houvera nenhuma discussão sobre
esta proposta, e que o ponto de pauta docente era o aumento de 3,415% para TODA a categoria, não somente aos
titulares, alguns professores se deram conta do absurdo que estava sendo
votado, pedindo tempo para que a questão fosse melhor trabalhada Ao ser
contrariado, Durigan “redimiu-se” e disse que a discussão ficará para o próximo
C.O., de 27 de Fevereiro de 2014.
Finalmente,
mas não menos importante, Durigan pronunciou que o convite aos estudantes era
uma gentileza de um colegiado que os mesmos não entendem a importância e que se
mostram despreparados para tal. E, dessa forma bela, disse que deveriam votar
naquele instante se continuaríamos sendo convidados. Contestamos se tal
discussão estava na pauta e, da mesma forma, recuou, mas com relativo apoio de
sua base indolente, dizendo que este ponto seria tratado durante o próximo
C.O., como no caso anterior. Por isso, o questionamento inicial de nosso
boletim: será que este foi o último C.O. que participaremos? Acreditamos que
estamos incomodando os ouvidos daqueles que só querem ver beleza onde reina o
caos. Paciência; a UNESP não é o país das maravilhas que vocês tentam vender.
PREPAREM-SE
POIS, AMANHÃ, SERÁ MAIOR.
A
TODXS COMPANHEIRXS, UM BELO 2014!
DE COTAS, DE PERMANÊNCIA, DE POBRE, PRETX E PERIFÉRICX NA UNIVERISADADE DA ELITE, DE LUTA!!
DE COTAS, DE PERMANÊNCIA, DE POBRE, PRETX E PERIFÉRICX NA UNIVERISADADE DA ELITE, DE LUTA!!
2014 SERÁ MAIOR!!
DCE “Helenira Rezende” – 16 de Fevereiro de 2014.