sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Carta do Movimento Estudantil da UNESP à Reitoria sobre sua proposta de mudança na forma da Representação Discente


 
 Carta do Movimento Estudantil da UNESP à Reitoria sobre sua proposta de mudança na forma da Representação Discente

No Conselho Universitário da UNESP do dia 30 de outubro, a Reitoria propôs uma mudança na forma de eleição dos Representantes Discentes nos Órgãos Colegiados, principalmente os centrais. A razão apresentada foi o fato de o segmento estar, desde 2004, sem o Diretório Central dos Estudantes “Helenira Resende” legalizado, órgão que, estatutariamente, faz a indicação dos representantes dos estudantes nos órgãos centrais, eleitos nos Congressos dos Estudantes ou nos Conselhos de Entidades Estudantis da UNESP; a mudança seria para uma escolha feita de forma online, com “chapas” de titular e suplente para cada cadeira destinada aos discentes.
Entendemos tal ação como problemática e danosa para a autonomia de nosso segmento e, tendo os discentes convidados ao órgão posto isto, a resposta foi que a maneira como se dá a representação não influi mudanças na forma de organização do segmento. Ora, isso se equivale a dizer, por exemplo, que a maneira como se dá a representação política no Brasil não influi no modo de organização política do país, bem como dizer que a forma de organização dos brasileiros não implica mudanças em como se dará sua representação. A alegação é absurda: por mais que de fato não sejam exatamente a mesma coisa, estão em uma relação intrínseca entre si e uma mudança em um dos lados da balança mudará também o outro. Tal argumento, portanto, é completamente infundado e demonstra ou falta de conhecimento político dos doutos senhores que gerenciam nossa Universidade ou pura má fé.
Debatemos incansavelmente nos nossos espaços de discussão como tornar nossa representação estadual cada vez mais representativa e eficaz. Um debate dessa proporção leva tempo e esforço para ser consolidado, e os obstáculos são inúmeros: desde a pulverização geográfica da UNESP até o fechamento arbitrário da sede do DCE, na cidade de São Paulo, que acarretou na perda de vários documentos importantes do nosso movimento. Mesmo assim, insistimos em fazê-lo e nos recusamos a acelerar e atropelar a nossa estruturação por pressão da administração da universidade.
Tentar aprovar tal proposta sem convidar os discentes para o debate, no momento atual, no qual sofremos forte repressão vinda da Reitoria (através dela mesma ou de seus comandados nas Direções Locais) por lutar por uma universidade voltada ao povo e não ao mercado, demonstra que a ideia não é, de forma alguma, ajudar os estudantes em sua organização, ou até promover um debate político sadio dentro dos espaços acadêmicos. Trata-se de minar mais e mais os discentes que contestam o projeto de universidade em processo, seus espaços de discussão, suas vozes e suas existências políticas. Não aceitaremos de bom grado essa docilidade dos corpos e dos espíritos proposta pelos Reitores!
Da mesma forma que respeitamos os segmentos docente e técnico-administrativo que adotam o método de eleição apresentado pela reitoria, exigimos que o nosso método seja respeitado. Não compete à administração determinar como escolhemos nossos representantes, compete apenas a nós. Mesmo sem um Diretório Central legalizado, promovemos nossa organização estadual através de Conselhos de Entidades e Congressos de Estudantes, espaços legitimados pelo mesmo quórum previsto no estatuto do nosso DCE. Isso prova que não estar legalizado não altera em nada a relação dos discentes com a sua representação, ou seja, não diminui sua legitimidade.
Conforme a PLEEUF – Plenária Estadual dos Estudantes da UNESP – que aconteceu nos dias 21, 22 e 23 de novembro, convidamos todas as entidades que defendem a autonomia dos discentes perante os demais segmentos a subscreverem esta carta. Por mais que não tenhamos ainda atingido a organicidade estadual que desejamos, o faremos de forma autônoma, garantindo a construção de uma entidade que represente e lute por tornar a universidade um espaço crítico e democrático de fato.




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