Carta do Movimento Estudantil da
UNESP à Reitoria sobre sua proposta de mudança na forma da Representação
Discente
No Conselho
Universitário da UNESP do dia 30 de outubro, a Reitoria propôs uma mudança na
forma de eleição dos Representantes Discentes nos Órgãos Colegiados,
principalmente os centrais. A razão apresentada foi o fato de o segmento estar,
desde 2004, sem o Diretório Central dos Estudantes “Helenira Resende”
legalizado, órgão que, estatutariamente, faz a indicação dos representantes dos
estudantes nos órgãos centrais, eleitos nos Congressos dos Estudantes ou nos
Conselhos de Entidades Estudantis da UNESP; a mudança seria para uma escolha
feita de forma online, com “chapas” de titular e suplente para cada cadeira
destinada aos discentes.
Entendemos tal ação
como problemática e danosa para a autonomia de nosso segmento e, tendo os
discentes convidados ao órgão posto isto, a resposta foi que a maneira como se dá
a representação não influi mudanças na forma de organização do segmento. Ora,
isso se equivale a dizer, por exemplo, que a maneira como se dá a representação
política no Brasil não influi no modo de organização política do país, bem como
dizer que a forma de organização dos brasileiros não implica mudanças em como
se dará sua representação. A alegação é absurda: por mais que de fato não sejam
exatamente a mesma coisa, estão em uma relação intrínseca entre si e uma
mudança em um dos lados da balança mudará também o outro. Tal argumento,
portanto, é completamente infundado e demonstra ou falta de conhecimento
político dos doutos senhores que gerenciam nossa Universidade ou pura má fé.
Debatemos
incansavelmente nos nossos espaços de discussão como tornar nossa representação
estadual cada vez mais representativa e eficaz. Um debate dessa proporção leva
tempo e esforço para ser consolidado, e os obstáculos são inúmeros: desde a
pulverização geográfica da UNESP até o fechamento arbitrário da sede do DCE, na
cidade de São Paulo, que acarretou na perda de vários documentos importantes do
nosso movimento. Mesmo assim, insistimos em fazê-lo e nos recusamos a acelerar
e atropelar a nossa estruturação por pressão da administração da universidade.
Tentar aprovar tal
proposta sem convidar os discentes para o debate, no momento atual, no qual
sofremos forte repressão vinda da Reitoria (através dela mesma ou de seus
comandados nas Direções Locais) por lutar por uma universidade voltada ao povo
e não ao mercado, demonstra que a ideia não é, de forma alguma, ajudar os
estudantes em sua organização, ou até promover um debate político sadio dentro
dos espaços acadêmicos. Trata-se de minar mais e mais os discentes que
contestam o projeto de universidade em processo, seus espaços de discussão,
suas vozes e suas existências políticas. Não aceitaremos de bom grado essa
docilidade dos corpos e dos espíritos proposta pelos Reitores!
Da mesma forma que
respeitamos os segmentos docente e técnico-administrativo que adotam o método
de eleição apresentado pela reitoria, exigimos que o nosso método seja
respeitado. Não compete à administração determinar como escolhemos nossos
representantes, compete apenas a nós. Mesmo sem um Diretório Central
legalizado, promovemos nossa organização estadual através de Conselhos de
Entidades e Congressos de Estudantes, espaços legitimados pelo mesmo quórum
previsto no estatuto do nosso DCE. Isso prova que não estar legalizado não
altera em nada a relação dos discentes com a sua representação, ou seja, não diminui
sua legitimidade.
Conforme a PLEEUF – Plenária
Estadual dos Estudantes da UNESP – que aconteceu nos dias 21, 22 e 23 de novembro,
convidamos todas as entidades que defendem a autonomia dos discentes perante os
demais segmentos a subscreverem esta carta. Por mais que não tenhamos ainda
atingido a organicidade estadual que desejamos, o faremos de forma autônoma,
garantindo a construção de uma entidade que represente e lute por tornar a
universidade um espaço crítico e democrático de fato.