"Neste momento, 12 estudantes estão sofrendo processo de sindicância
devido à ocupação do prédio da Reitoria, nos dias 16 e 17 de Julho de 2013, estudantes
os quais se colocam em luta por uma universidade a serviço da sociedade que a sustenta,
que lutam por cotas, por permanência estudantil, democracia na universidade e
contra a repressão aos movimentos sociais.
Durante
a ocupação, a Reitoria, mostrando toda sua intransigência, abriu um processo de
reintegração de posse contra os estudantes que ocupavam o prédio, o que
resultou em 113 qualificações. Tratando como caso de polícia a luta dos
estudantes por uma universidade de qualidade.
Mais uma vez a reitoria
demonstra o caráter repressor que guia sua gestão, afinal, um projeto de precarização
e privatização da universidade, como vemos hoje, somente se sustenta pela mão
de ferro que massacra qualquer manifestação que exista neste espaço.
Neste
momento novamente a reitoria tenta trazer inércia ao movimento estudantil pela
perseguição política. Ao mesmo tempo impõem sua própria lógica de centralização
do poder e verticalização das relações ao movimento estudantil, visto que de
113 estudantes que constam no boletim de ocorrência, apenas uma pequena parte
foi sindicada, sob acusações de serem estes os “líderes”. A reitoria quer
“cabeças rolando” para servir de exemplo para os estudantes que futuramente
cogitem construir uma luta pela transformação deste espaço.
Podemos responder neste
momento por todo o movimento, dizendo-lhes que nossa organização é totalmente
horizontal, não havendo líderes, figuras públicas ou um “messias” que nos guie
e sim, uma construção advinda de baixo, das mais abrangentes realidades que
compõem este movimento, nossas pautas e ações (como as ocupações) foram
definidas em espaços de discussão, deliberação legítimas e coletivas do
movimento estudantil, de assembleias de base à plenárias, e conselho de
entidades estudantis, sendo estes, que estão sendo sindicados, são apenas
interlocutores do movimento, não exercendo qualquer papel de direção ou
liderança.
O processo de
sindicâncias aberto pela reitoria passa longe de ser uma ação de bom-senso. Em
realidade de grande bom-senso seria indicar um amplo debate para a transformação
deste regimento.
Os artigos pelos quais somos
acusados demonstram este caráter, como atentar contra a “moral e os bons
costumes” ou “afixar cartazes fora dos locais a eles destinados”, dando somente
alguns exemplos. Fica o questionamento: será que o PIMESP não é um ato
atentatório à “moral e os bons costumes”? Será que a quase ausência dos negros
na universidade não é atentatório à “moral e os bons costumes”? Será que não é
atentado à “moral e os bons costumes” o 70-15-15 que exclui estudantes e
servidores técnico-administrativos dos rumos da universidade?
Vós, que do alto da
cúpula da academia ratificam o interesse dos poderosos para a universidade nos
acusam de causar 41 mil reais em danos à universidade. Apesar de não termos
causado nenhum destes prejuízos, vemos muito além que o maior dano, na vista de
nossos acusadores, é a transformação que causamos nos rumos desta universidade,
fazendo-a ter de reagir a uma crise, até então, negligenciada do alto desta
cúpula.
Agora está posto: foi dado
início a “caça às bruxas”, a perseguição a mais um movimento social, o
Movimento Estudantil da UNESP. Temos clareza política de que, de forma alguma,
foram 12 os sindicados: a totalidade do corpo estudantil da UNESP sofre, nesse
momento, um processo administrativo falho, enviesado, deturpado e parcial.
Assim como, em 13 de Dezembro de 1968, o governo militar promulgou o Ato
Institucional nº 5 que diz: “CONSIDERANDO que todos esses fatos perturbadores
da ordem [processos subversivos e de guerra revolucionária] são contrários aos
ideais e à consolidação do Movimento de março de 1964, obrigando os que por ele
se responsabilizaram e juraram defendê-lo, a adotarem as providências
necessárias, que evitem sua destruição”.
A ditadura militar, que
tanto afetou a estrutura social, cultural e política deste país, não cessou e
nossa resposta não será de docilidade e de submissão à ordem fascista
institucional e estatal. Na mesma lógica, opera esta instituição que se diz de
“ensino”, mas que visa a repressão. Não aceitaremos mais essa astúcia parva de
um poder insustentável. Um poder que opera de si e para si, que reitera todas as
ações anacrônicas e autoritárias de um Estado que não findou em torturar,
apreender, exilar, punir e matar tantos membros de luta, tantos membros
contrários à estrutura política que foi arquitetada pelos sedentos ao poder de
cercear vidas e a liberdades.
É lamentável, contudo,
saber que esta atitude é extremamente coerente com o posicionamento político de
muitos que aqui estão, visto os recentes abusos também causados a servidores
técnico-administrativos, como no caso do ofício circular, emitido pelo Prof. Durigan,
que ameaçava corte de ponto de servidores em greve. Já neste momento, quatro
(4) unidades realizam corte de salário dos servidores que participaram do
movimento!
E a história se repete...
OS RESQUÍCIOS DA DITADURA AGONIZAM DENTRO DESTA UNIVERSIDADE!
NÃO FICAREMOS CALADOS!
PEDIMOS EDUCAÇÃO, MAS SÓ VEIO A REPRESSÃO!!
Exigimos o arquivamento imediato das sindicâncias!"
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