segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

LUTAR PARA ORGANIZAR, ORGANIZAR PARA LUTAR


“E com o bucho mais cheio comecei a pensar
que eu me organizando posso desorganizar”
(Chico Science e Nação Zumbi)

Nos dias 23 e 24 de novembro de 2013 houve reunião presencial da gestão provisória do Diretório Central de Estudantes. A reunião tinha por objetivo fazer uma análise do movimento deste ano, pensar a organização do movimento estudantil e traçar linhas de atuação desta entidade com relação aos desafios impostos como a organização política para o ano de 2014 e o enfretamento à tentativa de repressão da reitoria por meio das sindicâncias.

Destas demandas que surgiram, tornou-se necessário um resgate: 2013 foi um ano de lutas para estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes da UNESP. As mobilizações estudantis tiveram início de maneira isolada a partir da metade de Abril. Porém, logo no início de Maio, no I Conselho de Entidades Estudantis da UNESP-FATEC (CEEUF) de 2013, realizado em Ourinhos, uma Comissão Estadual de Mobilização (C.E.M.) foi formada como ferramenta de articulação entre os campus e com os outros setores da comunidade acadêmica e a sociedade civil em torno da luta por uma universidade contrária ao que hoje é: elitista, excludente, sectária, mercadológica.

Passados quase 60 dias de mobilização e com mais da metade dos campus da UNESP em greve, a C.E.M. organizou o II CEEUF do ano – na metade de Junho na unidade de Marília – com o intuito de avançar nas negociações com a REItoria e continuar com as tarefas de articulação do Movimento Estudantil. Foi então que, o corpo estudantil deliberou que a C.E.M. tornar-se-ia a gestão provisória do Diretório Central de Estudantes “Helenira Resende” (DCE), uma organização política que permitisse a participação estudantil nas instâncias deliberativas, como o Conselho Universitário (CO), e que levasse a frente o projeto de educação do nosso movimento.

Durante todo o processo de enfrentamento com o projeto de educação neoliberal da gestão peessedebista de Geraldo Alckmin, tanto a C.E.M. quanto o DCE provisório estiveram abertos a críticas, sugestões, balanços, o que nos permitiu construir um movimento auto-organizado e orientado pela base. Quase nenhuma das pessoas envolvidas na entidade havia participado desse tipo de organização anteriormente, uma vez que há muito não havia um DCE na UNESP. Assim sendo, nossa luta foi vitoriosa!

Na contrapartida do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), conquistamos uma Comissão Permanente de Permanência Estudantil (CPPE), um sistema de cotas étnico-raciais e socioeconômicas, avançamos na construção de moradias e restaurantes universitários nos campus experimentais, impondo nosso projeto de educação ao governo de São Paulo.

Entretanto, muito de nossa organização se perdeu e muita confusão em torno dela surgiu. A diferença entre C.E.M. e DCE provisório foi motivo de muitas dissidências. Nesse momento, entendemo-nos enquanto interseção entre uma ferramenta de articulação e uma organização política, tendo no horizonte as tarefas que devemos cumprir para rearticular o ME e não permitir que nossos companheiros sejam perseguidos politicamente e punidos.

As divergências políticas sempre existirão em nosso movimento e elas são cruciais para uma necessária autocrítica constante, uma vez que são elas que nos coloca em movimento, em transformação. É também a partir de nossas convergências e divergências que o movimento consegue se remodelar e lutar com ainda mais força pelas demandas estudantis, sendo que a nossa forma de organização tem por princípio dar voz às diferentes realidades existentes em um movimento que se espalha por mais de dez cidades do estado de São Paulo. 

Apesar de algumas vitórias, vemos ainda como necessário a continuidade do debate e das ações políticas para responder aos próximos ataques realizados pelas REItorias e os governos, além da necessidade de continuarmos na defesa de nossas bandeiras por um projeto de universidade à serviço das classes trabalhadoras, negros e outras populações historicamente excluídas do espaço universitário. Neste sentido, uma unidade estadual do Movimento Estudantil da UNESP se torna crucial enquanto fomentador de uma mobilização unificada que possa ter força e organização para responder às mazelas de nossa universidade e mudar a direção do projeto político de privatização e precarização da universidade pública para uma universidade realmente à serviço do povo!

Neste sentido, a atual organização chamada DCE provisório se coloca enquanto uma forma de unidade estadual que tem como objetivo mobilizar os estudantes dos diversos campus que já compõem este espaço e este movimento e tentar trazer outros campus para a luta, almejando fomentar a construção de um projeto de universidade contrário ao projeto atualmente imposto!

Ficaremos à reboque da opressão do Estado ou nos organizaremos de forma combativa para agirmos? E nunca podemos nos esquecer: "Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem", Rosa Luxemburgo.

A LUTA SEMPRE CONTINUA! 
 DCE "Helenira Resende" - 16 de dezembro de 2013

Nenhum comentário :

Postar um comentário